quinta-feira, 21 de abril de 2011

Penso logo existo


“Depois, examinando com atenção o que eu era e vendo que podia fingir não ter corpo algum e não existir nenhum mundo nem lugar onde eu estivesse, verificava que não podia, por isso, fingir que eu não existia. Ao contrário, do próprio fato de pensar em duvidar da verdade das outras coisas seguia-se muito evidentemente e muito certamente que eu existia; ao passo que, se deixasse somente de pensar, ainda que todo o resto do que eu imaginava fosse verdadeiro, não teria qualquer razão de crer que eu existia. Disto conheci ser eu uma substância cuja essência ou natureza era apenas e inteiramente pensar e que, para existir, não precisa de qualquer lugar nem depende de qualquer coisa material. De sorte que este eu, ou seja a alma pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo e até mais fácil de conhecer do que ele. E, ainda que o corpo não existisse, a alma não deixaria de ser tudo o que ela é.”

Descartes, Discurso do método.

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