quinta-feira, 21 de abril de 2011
Penso logo existo
“Depois, examinando com atenção o que eu era e vendo que podia fingir não ter corpo algum e não existir nenhum mundo nem lugar onde eu estivesse, verificava que não podia, por isso, fingir que eu não existia. Ao contrário, do próprio fato de pensar em duvidar da verdade das outras coisas seguia-se muito evidentemente e muito certamente que eu existia; ao passo que, se deixasse somente de pensar, ainda que todo o resto do que eu imaginava fosse verdadeiro, não teria qualquer razão de crer que eu existia. Disto conheci ser eu uma substância cuja essência ou natureza era apenas e inteiramente pensar e que, para existir, não precisa de qualquer lugar nem depende de qualquer coisa material. De sorte que este eu, ou seja a alma pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo e até mais fácil de conhecer do que ele. E, ainda que o corpo não existisse, a alma não deixaria de ser tudo o que ela é.”
Descartes, Discurso do método.
sábado, 9 de abril de 2011
Proteja-se.
O espírito não precisa ser mudado para ser mais confortavelmente aceito, precisa apenas ser protegido para que não se desgaste em armaduras pesadas durante as guerras cotidianas. Apenas uma boa camuflagem serve para guardar as principais idéias e todos os desejos mais insensatos da alma.
domingo, 3 de abril de 2011
Fake it
Fingimento. Assim é a nossa vida, e a nossa personalidade não se baseia em nada mais verdadeiro do que isto, fingimento. Dói saber-nos falsos, dói saber-nos vivos, e dói, apenas dói. Mas fingimento é fingimento para dar sorriso ao rosto que chora, para achar sentido no abismo que é o fim, fingimento para mostrar-nos vivos quando a vida já se inclina gostosamente para a morte.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Breguice de despedida
Em pedaços amargos
Despedem-se meus abraços
Que um dia foram de você
Completos, repletos, cheios
Com amor que eu dei
Não pela metade
Mas por inteiro.
sábado, 26 de março de 2011
Do lado de dentro
Do Lado De Dentro
Marcelo Camelo
Composição : Marcelo Camelo- Abre essa porta, que direito você tem de me privar
desse castelo que eu construí pra te guardar de todo mal,
desse universo que eu desenhei pra nós ... pra nós
Abre essa porta, não se faz de morta, diz o que é que foi
Já que eu armei tudo pra ti, já que eu cerquei tudo ao redor
Abre essa porta, vai, por favor,
que eu sou teu homem ... viu
que eu sou teu homem ... viu
- Cala esta boca que isso é coisa pouca perto do que passei
Eu que lavei os seus lençóis sujos de tantas outras paixões,
que ignorei as outras muitas, muitas
Vai, depois liga diz pra sua irmã passar que eu vou mandar
tudo que é seu que tem aqui tudo que eu não quero guardar
que é pra esquecer de uma só vez
que este castelo só me prendeu, viu ?
Mas o universo hoje se expandiu
E aqui de dentro a porta se abriu
desse castelo que eu construí pra te guardar de todo mal,
desse universo que eu desenhei pra nós ... pra nós
Abre essa porta, não se faz de morta, diz o que é que foi
Já que eu armei tudo pra ti, já que eu cerquei tudo ao redor
Abre essa porta, vai, por favor,
que eu sou teu homem ... viu
que eu sou teu homem ... viu
- Cala esta boca que isso é coisa pouca perto do que passei
Eu que lavei os seus lençóis sujos de tantas outras paixões,
que ignorei as outras muitas, muitas
Vai, depois liga diz pra sua irmã passar que eu vou mandar
tudo que é seu que tem aqui tudo que eu não quero guardar
que é pra esquecer de uma só vez
que este castelo só me prendeu, viu ?
Mas o universo hoje se expandiu
E aqui de dentro a porta se abriu
domingo, 20 de março de 2011
Intimidade forçada
É interessante quando a intimidade que muitos evitam ter com seus vizinhos, acontece no pouco espaço entre as pernas de um e de outro desconhecido, dentro de uma caixa ambulante a qual estamos sujeitos para o transporte rápido de nossos corpos pelas ruas da cidade.
Na verdade a ironia encontra-se no esforço da nossa individualidade, a qual tenta exaustivamente tornar-se distante dos gostos comuns, do bom dia do forrozeiro na esquina, do sorriso da funkeira vizinha, de um aperto de mão desconhecido, quando de um jeito ou de outro, todas essas peculiaridades serão forçadas a se encontrarem, se encostarem e suarem juntas dentro de um espaço limitado para tanto ego.
Mais fácil seria se desde sempre estivéssemos acostumados com o contato e com o compartilhamento de pequenas gentilezas, interesses e gostos. Assim, dentro de uma dessas situações o incômodo talvez não fosse tão fatal.
Na verdade a ironia encontra-se no esforço da nossa individualidade, a qual tenta exaustivamente tornar-se distante dos gostos comuns, do bom dia do forrozeiro na esquina, do sorriso da funkeira vizinha, de um aperto de mão desconhecido, quando de um jeito ou de outro, todas essas peculiaridades serão forçadas a se encontrarem, se encostarem e suarem juntas dentro de um espaço limitado para tanto ego.
Mais fácil seria se desde sempre estivéssemos acostumados com o contato e com o compartilhamento de pequenas gentilezas, interesses e gostos. Assim, dentro de uma dessas situações o incômodo talvez não fosse tão fatal.
terça-feira, 8 de março de 2011
sábado, 5 de março de 2011
Aceitarei
Hoje eu vou aceitar que a disritmia é intensa, a força é pouca, o mundo é imenso, meus músculos estão tensos e o ar ameno. Hoje vou aceitar que tudo é como é, e eu sou um grão de poeira no caos que se figura no universo.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Como a morte
Amar-te é o mesmo que flertar com a morte. Olhar nos teus olhos, é sentir o frio de uma manta invisível combrindo-me com incertezas sobre o infinito. Abandonar-me aos teus instintos é saber-me livre de um corpo limitado, é sentir meus preconceitos voarem em destino de delírios condenáveis. Beijar tua boca é não acreditar no fim, é buscar a continuidade infinita do espírito e aquecer a carne com crescentes suspiros. Amar-te é entender a liberdade, e não ter medo de precipícios.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Tempestade roubada
Seco como estava, o céu me chamava. Talvez tivesse conseguido localizar a tempestade sua, que eu roubei para os meus olhos. “Mas foi só por hoje”, eu lhe disse. E ele, quieto, continuou suspenso sem poder reclamar, pois também os trovões já moravam em meu peito.
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