sábado, 26 de fevereiro de 2011

Como a morte

Amar-te é o mesmo que flertar com a morte. Olhar nos teus olhos, é sentir o frio de uma manta invisível combrindo-me com incertezas sobre o infinito. Abandonar-me aos teus instintos é saber-me livre de um corpo limitado, é sentir meus preconceitos voarem em destino de delírios condenáveis. Beijar tua boca é não acreditar no fim, é buscar a continuidade infinita do espírito e aquecer a carne com crescentes suspiros. Amar-te é entender a liberdade, e não ter medo de precipícios.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Tempestade roubada


Seco como estava, o céu me chamava. Talvez tivesse conseguido localizar a tempestade sua, que eu roubei para os meus olhos. “Mas foi só por hoje”, eu lhe disse. E ele, quieto, continuou suspenso sem poder reclamar, pois também os trovões já moravam em meu peito.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Enquanto houver...


Enquanto houver amor caindo aos pedaços,
Devoro.
E  no calor, uma gota de suor se render ao meu abraço
Bebo.
E neste amargo degustar teus sonhos cansados
Vivo.

 (Amor, não encrave as unhas no meu peito
 não há dor que me faça desistir
vamos esperar o sol nascer
as coisas podem ficar bonitas desse jeito.)

Enquanto houver olhar teu, que se prenda ao meu sorriso,
Insisto.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Confidência

Confidência
Petrúcio Amorim

Tenho
Um segredo menina
Cá dentro do peito
Que a noite passada
Quase que sem jeito
Vendo à madrugada
Eu ia revelar
Quando
um amor diferente
Tava nos meus braços
Olhei pro espaço
E vi lá no céu
Uma estrela cadente
Se mudar
Eu lembrei
Das palavras doces
Que um dia falei
Pra alguém
Que tanto, tanto
Me amou
Me beijou
Como ninguém
Que flutuou
Nos meus braços
Entrou
Nos meus planos
E nossos segredos
Confidenciamos
Sem hesitar......


Só ouço as pessoas falarem em samba. Devo dizer que o forró também faz bem pra alma.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Vamos assassinar esse delírio de nós dois,
nenhum veneno se contenta em uma vida plena
tem de falecer, tem de levar o último suspiro à boca que clama
tem de incorporar à natureza o corpo que dela fugiu.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Estranho.

Eu estranho a palavra não-literária
o contexto fora da poesia
o escárnio de uma raiva vulgar
a ironia de um ato descuidado
sem estilo, sem verso, sem prosa.

Estranho o que é comum
e o incomum das vagas intenções
estranho a força sem objetivo
e os objetivos que se fazem sem convicção

Não há como explicar,
eu estranho a própria vida
e os detalhes sórdidos ou felizes
estranho o que não está ao meu alcance
ou também tudo que está muito perto.

Estranho este delirar de um suspiro
tanto o primeiro, como o último
espero a morte, para, fascinada, também estranhar-lhe os detalhes.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Povo sem plural.

O s é um assovio desnecessário.

O plural está implícito na posse do cinza...

...dos mortos blocos de cimento acima.