É interessante quando a intimidade que muitos evitam ter com seus vizinhos, acontece no pouco espaço entre as pernas de um e de outro desconhecido, dentro de uma caixa ambulante a qual estamos sujeitos para o transporte rápido de nossos corpos pelas ruas da cidade.
Na verdade a ironia encontra-se no esforço da nossa individualidade, a qual tenta exaustivamente tornar-se distante dos gostos comuns, do bom dia do forrozeiro na esquina, do sorriso da funkeira vizinha, de um aperto de mão desconhecido, quando de um jeito ou de outro, todas essas peculiaridades serão forçadas a se encontrarem, se encostarem e suarem juntas dentro de um espaço limitado para tanto ego.
Mais fácil seria se desde sempre estivéssemos acostumados com o contato e com o compartilhamento de pequenas gentilezas, interesses e gostos. Assim, dentro de uma dessas situações o incômodo talvez não fosse tão fatal.